Publicado por: Daniel | abril 22, 2009

No desprezo do anjo/Na lágrima do demônio

I. Unidade

Acredito que o ser humano nasce oco…
Viemos a este mundo não sendo nem bons e nem maus
Conforme vamos crescendo é que
misturamos as duas facções…
Adornados pelo livre-arbítrio dosamos
a quantidade daquilo que nos tornamos
E em uma combinação de recompensa/culpa/punição
vamos equilibrando nosso caráter perante os outros
em decorrência de nossas ações…
Dificilmente haveria unanimidade se somos bons ou maus
pois dependendo da que face que mostramos somos um ou outro
Na essência somos os dois e nenhum ao mesmo tempo…
e isso desperta os mais variadas reações dos
nossos vizinhos dos planos superior e inferior…
No desprezo do anjo pela inveja de não estarmos atrelados
a nenhum código de conduta, pois independente de um julgamento, podemos tentar todos os caminhos…
Na lágrima do demônio por entender que nada do que ele faça o livra de sua própria condição…

II. Pluralidade

Se existe alguma imparcialidade na dualidade do
nosso lado bom e mal em uma amostragem singular
Esta visão desaparece quando na análise entra a totalidade, o coletivo
O fato que nossa raça tende a subjulgar as outras
Nossa flexibilidade e inteligência sempre foram estimuladas a explorar,
a extrair das outras espécies todos requisitos necessários ao nosso bel prazer,
necessidades reais ou simples vontades banais…
Isso sem contar o trato com nós mesmos,
sempre individualistas, opiniões e certezas
lapidadas sempre sob uma única ótica, a nossa…
Nosso desapego com nosso semelhante,
compartilhamos a dor, mas não repartimos nossas alegrias…
Se houvessem seres mais evoluídos que nós e fosse determinado
que somos mais um mal do que um bem neste mundo,
e por isso, nosso castigo fosse a extinção,
você daria a sua vida de bom grado?
Mesmo nossa querida humanidade sendo assim, totalmente
imperfeita, acredito que não
Sendo o mal ou não queremos sobreviver
Poderíamos ser repreendidos pelo desejo de viver
e continuar existindo?
Sendo estas características inerentes à nossa natureza ou não, ganhamos o desprezo do anjo,
pois apesar de todos os seus esforços, a humanidade permanece sendo o que é….
E a lágrima do demônio, solidário em saber como ninguém este ímpeto, este apetite
incontrolável pela destruição…

III. Anjo/Humano/Demônio?

Somos criaturas híbridas…
sempre passíveis de incertezas, inconsistências e
indagações…
Assim como seria impossível ilustrar nosso comportamento em um singelo
desenho em preto-e-branco, certamente faltariam muitas cores ali…
Podemos ser anjos e demônios, e mesmo que optássemos
ser apenas um deles, ainda assim poderíamos ser o outro, pois…
A chance da nossa condição de existência possibilita,
sob a carapaça de ser humano,
até a mais angelical das pessoas a realizar um ato vil
A oportunidade de praticar a humanidade pode culminar,
sob a carapaça de ser humano,
até a mais cruel das almas a exercer um gesto de bondade…


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