Publicado por: Daniel | março 17, 2009

Análise: Nosso lar é onde as pessoas pensam na gente?

Em um primeiro momento esta questão parece um tanto bobinha. Mas, pensando bem, não é.  É, inclusive, digna de reflexão. Veio à minha atenção através de um anime que eu acompanho, Naruto Shippuuden. Não me envergonho de afirmar que assisto animes, cada um tem as suas preferências, e eu tenho as minhas. Animes, quase sempre, são originados de mangás, e em grande parte dos casos tendem a projetar na telinha com fidelidade a história dos quadrinhos. Os personagens dos mangás são ricos porque são mais humanos e parecidos com a gente do que os demais. Eles possuem qualidades na mesma proporção que os defeitos… ademais, eles erram, acertam, amam, enraivecem, choram, têm uma porção de dúvidas e poucas certezas. E todos tentam resgatar antigos valores, que sempre serão apreciados seja qual for o tempo presente: amizade, honra e respeito. Nestes últimos episódios, a trama constantemente tem se voltado para a comentada questão. Nosso lar é onde as pessoas pensam na gente?

Para começar a esboçar uma resposta, sinto-me na obrigação de dizer que lar não é a mesma coisa que uma casa, um apartamento aonde moramos. O conceito de lar está intrinsicamente ligado a algo mais abrangente, mais abstrato. Julgo lar como sendo um local onde tu te sintas à vontade e ao mesmo tempo haja alguma variável de identificação nela e esta última não precisa ser necessariamente física. Um lar pode ser a tua casa, teu apartamento. Pode ser uma barraca, um casebre de papelão. Pode ser até debaixo da ponte se tu te sentires à vontade lá. Um lar pode estar representado, inclusive, por lugar nenhum, mas sim pela companhia que está contigo. E é aí que eu quero chegar porque isto responde a pergunta. Por isso, digo que sim, nosso lar pode ser onde as pessoas pensam na gente. Por vezes, vivemos cercados de pessoas estranhas em um mesmo lugar. Estamos bem instalados, mas quando entramos ali, cada um vive a sua vida, independente dos demais e a vida em conjunto acaba sendo demasiadamente reservada. Sentamos na cama, mas nada daquilo para que olhamos parece íntimo nosso. Tudo soa estranho. As pessoas geralmente não conseguem relaxar numa situação dessas e passam pouco tempo nestes lugares. Saem para escapar a tudo que está alheio à familiaridade delas. Posso estar falando de estranhos, mas muitas vezes isso pode acontecer na própria família. Existem famílias que só faltam os correios informarem por meio de uma carta que a visão de família já não vinga mais naquele recinto. Famílias com problemas remontados à gerações atrás ou recentemente. Muitas lesadas pelo histórico de álcool, drogas e abusos. Outras nem precisaram de aditivos, os próprios membros criaram as desavenças por serem intolerantes, intransigentes ou ainda por fazerem tempestade em copo d’água. Nestes casos, o local acaba sendo apenas um ponto de convergência entre os habitantes, mas como ninguém pensa em mais ninguém, a visão de lar já não está lá há muito tempo. Em contraste a tudo isso, muitas vezes nossos amigos, onde quer que eles vivam, proporcionam uma atmosfera de bem-estar onde nos sentimos queridos, onde podemos expor nossos problemas e pensamentos e, por fim, sermos compreendidos. Pessoas que pensam na gente, que se preocupam conosco e com o rumo de nossas vidas. Podemos não morar lá, mas quando adentramos, sentimos que “estamos em casa”, enfim, um lar.

Por tudo isso, não estaria nem um pouco incorreto em dizer que um lar depende mais das pessoas e de seus pensamentos com relação aos demais do que o lugar em si. Mas, e quanto a mim? Eu moro sozinho. Aprendi depois de um bom tempo a chamar aonde eu moro de lar, dada a minha identicação com lugar, de deixar a casa do meu agrado. Mas felizmente, minha família, aquela onde eu cresci, não teve o desfecho que eu citei acima. É outro lar para o qual eu poderia retornar, se assim acaso eu quisesse… Findo esta narrativa, com a frase do episódio 100 do Naruto Shippuuden: “Em qualquer lugar em que alguém esteja pensando em você, esse é o seu lar”. 🙂


Respostas

  1. “Todos dizem que um lar é um lugar, mais um lar pode ser uma pessoa”

    • Bem observado Luciele! Pra mim lar é algo muito abstrato, pode ser uma pessoa com certeza, alguém que simplesmente faça tu te sentires a vontade, que faça tu te sentires querido e confortável, sendo simplesmente apenas quem você é… este sentimento de aconchego, essa atmosfera criada pode ser chamada de lar…

      Obrigado pelo teu comentário e continue acompanhando o blog!

      Beijo!


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